O artigo aborda os impactos da Reforma Tributária no setor imobiliário, destacando a criação do IBS e da CBS, a equiparação da pessoa física habitual a contribuinte, novas regras de fato gerador e necessidade de controles contábeis rigorosos. Ressalta a revisão de contratos, segregação de receitas e adequação de preços para mitigar riscos fiscais e financeiros.

 

 

 

 

26.08.2025

A reforma tributária e imóveis altera a forma de tributar locação, venda e construção, alcançando pessoas físicas e jurídicas. As novas regras equiparam a habitualidade da pessoa física à atividade empresarial em certos cenários, instituem IBS e CBS e redefinem o momento do fato gerador, exigindo controles contábeis mais rigorosos e revisão de contratos para mitigar riscos fiscais e financeiros.

Reforma tributária e imóveis: arcabouço e alcance

O núcleo jurídico da reforma tributária e imóveis deriva da Emenda Constitucional nº 132/2023, que cria a CBS (em substituição a PIS/Cofins) e o IBS (unificando ICMS e ISS). No setor imobiliário, o desenho rompe a lógica anterior em que locação simples por pessoa física não se submetia a ISS nem ICMS. Em cenários de habitualidade, a PF pode ser tratada como contribuinte do IBS, enquanto a CBS alcança operações tipificadas como atividade econômica, inclusive de locação e venda quando houver caráter empresarial. A estrutura exige atenção a regras de equiparação e à definição do fato gerador por competência ou pagamento.

Pessoa física equiparada: critérios práticos e efeitos

Em linha com a reforma tributária e imóveis, a pessoa física pode ser equiparada a contribuinte quando a exploração imobiliária deixa de ser eventual. Critérios usuais de política pública incluem volume de unidades locadas, receita anual com aluguéis e recorrência de construção para venda em janelas temporais reduzidas. Um investidor com múltiplos imóveis locados e receita anual elevada poderá ter de emitir documento fiscal, apurar IBS/CBS, escriturar receitas e separar contratos por natureza (residencial, não residencial; prazo determinado, indeterminado), reduzindo assimetrias concorrenciais com pequenas imobiliárias e SPEs.

Concorrência e neutralidade

A equiparação busca neutralidade competitiva entre a PF com carteira extensa de imóveis e a PJ dedicada ao mesmo mercado. Sem essa simetria, haveria estímulo à manutenção da atividade fora do CNPJ, deslocando carga para empresas formais. A calibragem deve considerar também o Imposto de Renda da PF, a depreciação admitida na PJ e a apropriação de créditos na cadeia para reduzir distorções.

Momento do fato gerador e contabilização

A reforma tributária e imóveis estabelece lógicas distintas: construção civil sob competência, locação e intermediação sob regime de pagamento. Na construção, a tributação acompanha a execução do contrato (físico ou financeiro). Na locação e na intermediação, a incidência se vincula ao efetivo recebimento, mitigando a tributação sobre inadimplência. Essa assimetria impõe controles segregados por atividade, centro de custo e contrato, com atenção a adiantamentos, distratos e reclassificações, inclusive para evitar bitributação.

Contratos, registros e prazos

Para segurança jurídica, recomenda-se revisar contratos de locação, identificar o tipo (residencial ou não) e observar exigências formais e eventuais marcos de registro. A gestão documental impacta o enquadramento e a prova da habitualidade, além de facilitar a conciliação contábil e fiscal. Planejamentos que envolvam construção por conta própria na pessoa física requerem avaliação prévia de enquadramento e dos reflexos em IBS/CBS.

Impactos financeiros e precificação

A reforma tributária e imóveis repercute no preço líquido do aluguel, na margem de revenda e no capital de giro. Ao tornar a PF contribuinte em certos cenários, a incidência de IBS/CBS pode exigir reajuste de aluguéis para recompor a margem. Para contratos com PJ locatária, a apuração a jusante permite crédito, o que altera a elasticidade de preço e renegociações. Em contrapartida, locatários PF não tomam crédito, o que concentra ônus no valor final. A correta segregação de receitas entre construção, venda e locação evita recolhimentos indevidos e ajusta o fluxo de caixa.

Como agir diante da reforma tributária e imóveis

A reforma tributária e imóveis redefine a fronteira entre investimento pessoal e atividade empresarial, altera o marco temporal do fato gerador e impõe segregação contábil fina por atividade e contrato. Revisar a carteira, identificar habitualidade, adequar documentos e recalibrar preços são medidas imediatas. Para carteiras mistas, convém apartar receitas por natureza e reforçar conciliações. A antecipação reduz autuações, organiza o fluxo de caixa e melhora a previsibilidade em contratos longos.

Referências normativas essenciais

Emenda Constitucional nº 132/2023 como base da arquitetura de IBS/CBS; princípios gerais de competência e pagamento aplicados conforme a natureza da operação; atenção a futuras leis complementares e regulamentos setoriais que detalham equiparação de PF, regimes específicos e escrituração. No ambiente de documentos fiscais eletrônicos, lembrar que a emissão e o registro corretos são cruciais para a comprovação de operações e créditos ao longo da cadeia.

Por Contabilidade Cidadã

Fonte: https://www.jusbrasil.com.br/