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Commodities continuam como carro-chefe das exportações

Publicado em 20/12/2022
Porto de Santos/SP (27/05/2021) – Foto: Ricardo Botelho/MInfra

A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) divulgou, nesta terça-feira (20), sua previsão para a balança comercial de 2023. Segundo a AEB, as exportações devem atingir US$ 325,162 bilhões, queda de 2,3% em relação aos US$ 332,825 bilhões estimados para este ano. Já as importações devem totalizar US$ 253,229 bilhões, com retração de 6,2% comparativamente aos US$ 269,900 bilhões estimados para 2022.

Quanto ao superávit comercial, a AEB estima que alcance US$ 71,933 bilhões, em 2023, com expansão de 14,3% sobre os US$ 62,925 bilhões previstos para este ano. O superávit de US$ 71,933 bilhões em 2023 será recorde, mesmo com previsão de queda das exportações e importações, e superará o recorde anterior de US$ 61,223 bilhões, apurado em 2020.

Em entrevista à Agência Brasil, o presidente executivo da AEB, José Augusto de Castro, ressaltou, porém, que se trata de um superávit negativo, porque não gera nenhuma atividade econômica. “É um superávit negativo porque resulta de um duplo déficit e não gera nenhuma atividade econômica”, disse.

De acordo com Castro, as commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado internacional) continuarão sendo o carro-chefe das exportações brasileiras no próximo ano, embora com possibilidade de queda das cotações no decorrer do período. “Já começa a acomodação dos preços, como resultado de uma série de fatores”, afirmou.

Fatores

Entre esses fatores, Castro citou a desaceleração da economia mundial, o baixo crescimento econômico da China, a guerra da Ucrânia com a Rússia, a elevação da taxa de juros nos Estados Unidos e na União Europeia. “São todos fatores que fazem com que o comércio internacional e a economia não tenham aquecimento. Pelo contrário.”

Castro argumentou, por outro lado, que “qualquer que seja o preço”, as commodities continuarão liderando as exportações nacionais e admitiu que uma surpresa desagradável poderá surgir se a União Europeia decidir taxar as commodities como um todo. “Isso pode vir a afetar o Brasil a partir de 2024”. A expectativa, contudo, é que o Brasil continue com superávits altos, com as commodities atuando como carro-chefe das exportações.

Soja, petróleo e minério deverão responder por 35,7% das exportações brasileiras projetadas para 2023, revelando estabilidade em comparação aos 35% apurados em 2022. À exceção de automóveis e semiacabados de ferro e aço, que são produtos manufaturados, os demais 13 principais produtos exportados pelo Brasil são commodities.

Reformas

Castro defendeu as reforças tributária e administrativa para reduzir o custo Brasil e levar os manufaturados a uma posição de destaque na balança comercial do país. “Nós dependemos de várias commodities e de poucos manufaturados”, apontou. De acordo com a AEB, a competitividade das exportações de manufaturados tem na América do Sul seu principal mercado de destino, mas a região enfrenta problemas políticos ou econômicos. “Não podemos contar com a América do Sul como um mercado final”, disse Castro.“Sem reformas, nós não saímos do lugar.”

Para Castro, o câmbio flutuante permanece em patamar adequado. A taxa cambial deverá oscilar entre o piso de R$ 5 e o teto de R$ 5,70, durante 2023, influenciada por fatores políticos e econômicos internos ou externos. “Não haverá problema em relação ao câmbio, que ajuda a exportação. O custo Brasil é que tem de ser reduzido”, afirmou.

O presidente executivo da AEB acrescentou que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, soma de todos os bens e serviços produzidos no país) para 2023, estimado entre 1,4% e 1,5%, “é um PIB baixo, que não ajuda, nem atrapalha o comércio exterior e não estimula o crescimento interno, nem gera emprego no mercado interno”. Ele insistiu que a redução do custo Brasil ajudaria o país a entrar nos mercados norte-americano e europeu com produtos manufaturados, de maior valor agregado.

*Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

Fonte: Agência Brasil

Previsão é que as exportações cresçam 13,8% e as importações, 21%

Publicado em 22/07/2022

Colheita de soja, soja, grãos

A revisão da balança comercial para 2022, divulgada hoje (22) pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), aponta para um crescimento de 13,8% nas exportações, totalizando valor de US$ 319,471 bilhões, contra os US$ 280,633 bilhões efetivados em 2021. Para as importações, o aumento previsto pela AEB é de 21%, com resultado de US$ 265,345 bilhões, ante US$ 219,409 bilhões realizados no ano passado. Para o superávit, entretanto, a previsão é alcançar US$ 54,126 bilhões, redução de 11,9% em comparação aos US$ 61,224 bilhões apurados em 2021.

Tanto as previsões das exportações como das importações, caso se concretizem, constituirão recordes, substituindo os recordes anteriores de US$ 280,633 bilhões das exportações, no ano passado, e de US$ 239,621 bilhões das importações, em 2013. Do mesmo modo, a corrente de comércio, projetada em US$ 584,816 bilhões para 2022, constituirá novo recorde, superando o resultado recorde anterior de US$ 500,042 bilhões, registrado em 2021.

Guerra

A guerra entre Rússia e Ucrânia é o principal fator para as projeções da AEB, disse à Agência Brasil o presidente-executivo da entidade, José Augusto de Castro. Segundo Castro, o conflito no Leste Europeu provocou a elevação de todos os produtos, de forma geral, tanto de exportação, como de importação. “A guerra fez com que os preços das commodities [produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado internacional] aumentassem ainda mais e os produtos importados passaram a ter um peso muito maior. Passou-se a pagar muito mais caro”.

Entre o começo da guerra Rússia-Ucrânia, em março, até este mês de julho, alguns produtos importados pelo Brasil tiveram aumentos de preços expressivos, entre os quais gás natural (+79%), petróleo (+31%), carvão (+27%) e fertilizantes (+31%). Comparando-se as cotações vigentes em janeiro de 2021, antes do conflito, portanto, e julho de 2022, a AEB constatou uma “explosiva” elevação de preços para os produtos selecionados: gás natural 365%, petróleo 68%, carvão 320% e fertilizantes 232%.

Importação

O presidente-executivo da AEB destacou que o próprio governo brasileiro tem divulgado a cada início de mês que o resultado da balança comercial, este ano, é uma mistura de “preço, preço e preço”. Em 2022, os preços têm subido, em média, 35% na importação e 20% na exportação. “Esta é a razão por que a gente está vendo um forte aumento de preços no produto importado”. Além de faltar produtos, matéria-prima, o que explicaria em parte o aumento da importação, também faltam contêineres. “Com a falta de contêineres, passou-se a ter um preço de logística, de frete, muito mais elevado”.

Um dos principais produtos que serão afetados são chips, componentes eletrônicos, cujo grande fornecedor é a China. “Com o lockdown, a China está reduzindo as entregas, o que gera falta de produtos no mercado internacional. Os preços sobem por conta disso”.

A tendência é que os preços das commodities comecem a ter, agora, uma leve acomodação. “Não é uma queda forte, mas uma leve acomodação”, alertou José Augusto de Castro. O presidente executivo lembrou que, no ano passado, o preço médio da exportação de minério de ferro foi US$ 125 a tonelada. Este ano, está em torno de US$ 93.

Castro analisou que esse movimento de acomodação de preços será observado no comércio mundial como um todo. Como a China está com um crescimento bem menor do que em anos anteriores, a redução do crescimento da China significa redução do crescimento mundial, porque “a China é o grande indutor dessa desaceleração”, apontou o presidente-executivo da AEB.

Exportações

As importações estão concentradas na indústria extrativa e de transformação. Já as exportações são as commodities, que tiveram aumento de preços este ano, excetuando minério de ferro (- 25,4%), carne suína (- 8,2%) e celulose (- 0,6%). Destaque para óleos combustíveis (+ 57,4%), café não torrado (55,5%), petróleo (39,2%), milho (36,1%), soja em grão (29,7%), carne de frango (27,1%), carne bovina (21,6%).

De acordo com a análise feita pela AEB, a soja em grão vai retomar a liderança das exportações brasileiras, somando US$ 43,698 bilhões em 2022, graças às quedas de preço e de volume nas exportações de minério de ferro e, também, em função da redução do volume de petróleo.

Os dados projetados pela AEB sinalizam que, graças às elevadas cotações das commodities, o Brasil poderá deixar a atual 26ª posição no ranking mundial de exportação e ganhar até quatro posições. Com relação às importações, as significativas altas de preços observadas em bens da indústria de transformação poderão levar o Brasil a deixar a atual 29ª posição no ranking e ganhar até cinco posições.

A previsão anterior da AEB para o ano de 2022, divulgada em 8 de dezembro de 2021, mostrava os seguintes dados: exportação de US$ 262,379 bilhões, importação de US$ 227,855 bilhões e superávit de US$ 34,524 bilhões.

*Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

Fonte: Agência Brasil