Carol Santiago brilhou na prova dos 100 metros costas da classe S12

Publicado em 09/04/2022

A pernambucana Carol Santiago bateu o recorde das Américas da prova dos 100 metros costas da classe S12 (para atletas com deficiência visual), neste sábado (9) no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, durante a 2ª Fase Nacional do Circuito Paralímpico Loterias Caixa de natação. A atleta de 36 anos completou a prova em 1min08s74, mais de seis segundo abaixo do seu antigo recorde, de 1min14s79.

“Fiquei muito feliz com o resultado. Esperava nadar bem, mas estava com muito desconforto na coluna. Nem sabia se participaria desta 2ª Fase Nacional. Só que toda a equipe médica do CPB [Comitê Paralímpico Brasileiro] e o fisioterapeuta Rafael Martins de Oliveira fizeram um trabalho excelente para que eu conseguisse nadar. Sem eles, o recorde não seria possível. Estou dois dias sem dor”, declarou Carol, que conquistou cinco medalhas paralímpicas nos Jogos Paralímpicos de Tóquio.

Outro atleta que representou o Brasil nos Jogos de Tóquio e quebrou um recorde das Américas foi o paulista José Ronaldo, que nadou a prova dos 200 metros livre da classe S1 (para atletas com as mais severas limitações físico-motoras dentre todas da modalidade) em 5min58s66.

Por Agência Brasil – Rio de Janeiro

09/04/2022

Neste mês, completam-se 230 anos que o alferes Joaquim José da Silva Xavier foi enforcado em praça pública no Rio de Janeiro. Mais conhecido pelo apelido Tiradentes, ele pagou com a vida por ter figurado entre os conspiradores da malsucedida Inconfidência Mineira.

Logo após aquele 21 de abril de 1792, o cadáver esquartejado de Tiradentes foi transportado para Vila Rica (atual Ouro Preto). Os pedaços foram deixados ao longo da estrada. Apenas a cabeça em decomposição chegou à capital da capitania de Minas Gerais, onde permaneceu exposta no alto de um poste. O espetáculo lúgubre foi uma advertência da rainha portuguesa D. Maria I àqueles que na Colônia ousassem embarcar em algum movimento separatista. 

Com o passar do tempo, Tiradentes se reabilitou como personagem histórico. Antes um subversivo execrável e perigoso, ele hoje é símbolo do Brasil e recordista de homenagens. O inconfidente foi o primeiro brasileiro a receber o título de herói da pátria. Também é, por força de lei, patrono cívico da nação e patrono das polícias civis e militares. Praticamente toda cidade do país tem alguma rua, praça ou escola com o seu nome. O dia 21 de abril é um dos nove feriados nacionais.

Documentos históricos do Arquivo do Senado, em Brasília, mostram que a transformação de Tiradentes no herói máximo do Brasil não foi um movimento espontâneo, resultado da simples ação do tempo. A reabilitação, na realidade, foi um projeto político executado pelos republicanos assim que o golpe de 15 de novembro de 1889 derrubou a Monarquia.

Até então, nos quase 70 anos do Império, Tiradentes não tivera maior significado. Nesse período, os senadores vitalícios fizeram em seus discursos meras cinco referências a ele e à Inconfidência Mineira, todas superficiais e breves. Em contraste, apenas nos três meses do Congresso Nacional Constituinte de 1890-1891, os senadores e deputados fizeram 15 menções.

Pintura de Décio Villares (1851-1931). “Tiradentes”. Oil on canvas, early XX, century (signed, not dated), 60,5 x 49,7cm. Private Collection. Provenance: Heirs of the artist. Photo: Gedley Belchior Braga
Martírio de Tiradentes Museu Histórico Nacional

O deputado Pereira da Costa (RS), por exemplo, afirmou que os parlamentares que elaboravam a primeira Constituição republicana deveriam se inspirar no inconfidente:

— Meus senhores, eu acredito que este Congresso permanecerá na altura da sua grande missão porque creio muito na força incontestável das ideias e dos acontecimentos. A mesma força que imortalizou Tiradentes e o padre Caneca e fez de Benjamin Constant um ídolo, esse mesmo poder invencível há de guiar-nos, quer queiram os déspotas, quer não, na larga estrada do progresso.

A Constituição de 1891 previu que a capital brasileira seria em algum momento transferida do Rio de Janeiro para o Planalto Central. Nas discussões desse artigo, o senador constituinte Virgílio Damásio (BA) apresentou uma emenda para que a futura capital fosse batizada de Cidade Tiradentes. Ele discursou:

— Assim como o nome de Bolívar foi dado à Bolívia por causa dos relevantes serviços prestados à pátria por esse cidadão e assim como a capital da grande república americana tomou o nome de Washington, não é natural que do mesmo modo nós, que tivemos Tiradentes, escolhamos o seu nome para a nossa capital? É o nome do protomártir da República, do apóstolo da liberdade, que entregou a vida pela pátria.

A emenda acabou sendo arquivada. Diante de temas mais urgentes, os constituintes preferiram não gastar energia discutindo o nome da capital — que, no fim das contas, só sairia do papel sete décadas mais tarde, com a inauguração de Brasília.

Senador propôs em 1890 que a futura capital do Brasil, no Planalto Central, se chamasse Cidade Tiradentes (imagem: Arquivo do Senado)

Num tom ainda mais laudatório, o deputado Costa Machado (MG) explicou aos colegas constituintes por que o seu conterrâneo deveria ser tratado como um mito:

— Existiu em Minas um homem que chamarei providencial e outros chamarão louco. Sim, senhores, há ideias que enlouquecem, há paixões que matam! Esse homem, rodeado de outros cidadãos distintos, viu no horizonte de sua consciência a estrela da esperança para a pátria. Ele quis torná-la independente e livre. E, caminhando atraído por seus raios, não viu que no mundo há abismos. Foi preso, levantou-se o patíbulo e ele oscilou na corda. O seu corpo foi completamente esquartejado, sua família infamada, seus bens confiscados, sua casa demolida e o solo salgado. O nome, porém, de Tiradentes caiu nos braços da glória para ressurgir cem anos depois, resplendente, nas culminantes alturas da história.

 Os primeiros quadros a óleo a representar a figura de Tiradentes datam justamente dos momentos iniciais da República, como os pintados por Décio Villares, Pedro Américo e Aurélio de Figueiredo nos anos 1890. Outros viriam nas décadas seguintes e também se tornariam clássicos.

Não se vê em nenhuma dessas pinturas a fisionomia real de Tiradentes, mas sim rostos imaginados ou idealizados, já que os historiadores jamais encontraram nenhum documento da época colonial contendo uma descrição física detalhada do inconfidente.

O historiador José Murilo de Carvalho, autor do livro A Formação das Almas – o imaginário da República no Brasil (editora Companhia das Letras), lembra que o movimento que derrubou a Monarquia em 1889 foi executado e apoiado por um número reduzido de pessoas, entre militares e políticos republicanos, sem a participação do povo. Os novos chefes do país temiam que a população rejeitasse a mudança de regime e se rebelasse para devolver o poder à família de D. Pedro II. Eles, então, saíram à procura de um herói republicano que ajudasse na “construção simbólica da nação” e servisse de “antídoto às ameaças de conflitos”. Carvalho explica:

— Heróis são símbolos poderosos, encarnações de ideias e aspirações, pontos de referência, fulcros de identificação coletiva. São, por isso, instrumentos eficazes para atingir a cabeça e o coração dos cidadãos a serviço da legitimação de regimes políticos. Não há regime que não promova o culto de seus heróis e não possua seu panteão cívico. Em alguns, os heróis surgiram quase espontaneamente das lutas que precederam a nova ordem das coisas. Em outras, de menor profundidade popular, foi necessário maior esforço na escolha e na promoção da figura do herói. É exatamente nesses últimos casos que o herói é mais importante.

Decreto do marechal Deodoro da Fonseca estabelece o dia 21 de abril como feriado nacional (imagem: Biblioteca do Senado)

De acordo com o historiador, o herói necessário em 1889 foi inicialmente buscado entre os próprios protagonistas do golpe contra o Império. Nenhum deles, porém, tinha apelo popular. Até o marechal Deodoro da Fonseca, que seria a figura mais óbvia, foi descartado porque era um monarquista convicto e só aderiu ao republicanismo no último minuto e também porque sua figura idosa e barbada remetia a D. Pedro II.

Dada a “pouca densidade histórica” do 15 de novembro de 1889, a personalidade ideal acabou sendo aquela enforcada pela Coroa portuguesa quase cem anos antes. Foram três os motivos principais.

Primeiro, porque Tiradentes foi um republicano. A Inconfidência Mineira teve como objetivo separar a capitania de Minas Gerais do reino de Portugal, por causa do excesso de impostos, e transformá-la numa república independente. Depois, porque Minas Gerais era na Primeira República um estado central em termos geográficos e políticos, não um estado distante e decadente. Por fim, porque havia em Tiradentes um quê de Jesus Cristo. O inconfidente defendeu tão somente a liberdade, foi traído por um amigo, não entregou os companheiros de rebelião, caminhou de forma altiva até a forca e aceitou a morte em nome de um ideal. Não à toa, as pinturas clássicas retratam Tiradentes como se ele fosse fisicamente parecido com a imagem de Cristo.

Com a escolha desse herói, a mensagem que os republicanos quiseram passar à população foi a de que eles tomaram o poder em 1889 com o nobre objetivo de enfim tornar realidade o antigo sonho do mártir mineiro.

— Em maior ou menor dose, todos os heróis e heroínas nacionais são construídos. A figura tem que ser lapidada, limpa de qualquer traço negativo, para ser um modelo inspirador, unificador. Basta ver Joana d’Arc, Napoleão, Lincoln, Bolívar, Mao Tsé-Tung etc. — continua José Murilo de Carvalho. — No caso de Tiradentes, puseram ênfase em certos aspectos de sua vida e personalidade. Pelo lado cívico, ele podia ser visto como um rebelde republicano e patriota. Pelo lado religioso, como um Cristo que se sacrifica pelos outros. Sua construção como herói baseou-se em diferentes leituras. Esquartejado fisicamente, sua memória foi sendo costurada aos poucos, em um país com pouca oferta de heróis.

História em quadrinhos publicada em 1906 na revista Tico-Tico narra a Inconfidência Mineira em versão para crianças (imagem: Biblioteca Nacional Digital)

Em boa parte do tempo, a Monarquia não viu grandes problemas em Tiradentes. Ele foi apresentado como mais um entre os tantos personagens do passado colonial. Os livros e jornais da época que citavam a Inconfidência Mineira enfatizavam o desejo dos rebeldes de tornar Minas Gerais independente e abafavam as pretensões republicanas.

A situação mudou na década de 1870, quando o movimento republicano em ascensão decidiu adotar Tiradentes como o símbolo da causa. Temendo que essa imagem idealizada se cristalizasse, os historiadores oficiais do Império correram para tentar neutralizá-la. No livro História da Conjuração Mineira, de 1873, o historiador Joaquim Norberto de Souza Silva descreveu Tiradentes como repugnante e descontrolado, o que levava as pessoas a zombar dele.

Assim, o que o os republicanos de 1889 fizeram foi transformar em política de Estado uma estratégia que já vinha sendo desenvolvida em menor escala pelos chamados republicanos históricos.

Em 1890, como parte dessa política, o governo republicano baixou um decreto estabelecendo uma série de feriados nacionais, entre os quais 14 de julho, o aniversário da Revolução Francesa (que, durante o processo, guilhotinou o rei e implantou a República), e 21 de abril, o aniversário do martírio de Tiradentes. No ano seguinte, a Praça da Constituição, uma das mais importantes do Rio, localizada a poucos metros do local onde o rebelde mineiro foi enforcado, passou a chamar-se Praça Tiradentes.

O Senado e a Câmara dos Deputados também participaram da “santificação” de Tiradentes. Em 1892, o deputado José Bevilacqua (CE) apresentou um projeto de lei criando um concurso público para a escolha de dois monumentos à memória do inconfidente, com prêmio em dinheiro aos vencedores.  

No início da década de 1920, alguns deputados se manifestaram contrários à demolição da Cadeia Velha, no centro do Rio, por ter sido o local onde Tiradentes havia aguardado o enforcamento. Eles foram ignorados. O novo prédio, que ficou pronto em 1926 e passou a abrigar a Câmara dos Deputados, foi batizado de Palácio Tiradentes. Diante dele, ergueu-se uma estátua do inconfidente. No edifício hoje funciona a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.

Guerra de versões: no livro do historiador monarquista Joaquim Norberto de Souza Silva, de 1873, Tiradentes é descrito como repugnante; no discurso do ativista republicano Silva Jardim, de 1890, ele aparece como uma figura quase mística (imagens: Biblioteca do Senado)

A “santificação”, entretanto, não foi pacífica. No momento da oficialização de Tiradentes como herói republicano, houve parlamentares que questionaram a escolha. Em 1893, em meio às discussões daquele projeto que previa o concurso público de monumentos à memória de Tiradentes, o senador Gaspar de Drummond (PE) defendeu que o herói fosse o seu conterrâneo Bernardo Vieira de Melo, um dos líderes da Revolta dos Mascates, ocorrida na capitania de Pernambuco.

— O movimento revolucionário foi ali operado em 1710. Já se vê, pois, que muito antes da Conjuração Mineira, com quase um século de precedência, Bernardo Vieira de Melo propunha no Senado de Olinda a adoção da forma de governo republicana. Nestas condições, não pode caber a Tiradentes o monumento que se pretende erigir-lhe como precursor da República no Brasil — argumentou. 

— O ilustre senador por Pernambuco propõe um novo esquartejamento do herói e coloca-se ao lado dos seus algozes — reagiu o senador Américo Lobo (MG).

— O que sagrou Tiradentes como o mais notável foi justamente o seu esquartejamento, ato de brutal selvageria — afirmou o senador Cristiano Ottoni (MG).

— Mas então está invertida a significação dos termos. Precursor não é o que vem antes, não. Precursor agora é o que sofre mais! — devolveu o senador pernambucano. — Pois bem, elevem o monumento. Será uma mentira de mármore ou bronze.

O senador Joaquim Catunda (CE) também pôs em dúvida as credenciais de Tiradentes: 

— Sei perfeitamente a história da Inconfidência Mineira. E, sem faltar ao respeito devido a seus mártires, direi que Tiradentes foi apenas portador de ordens dos verdadeiros colaboradores da ideia republicana. Além disso, se o valor das ideias se mede pelos seus resultados, pela fecundação nos espíritos, a de Tiradentes foi inteiramente estéril, mesmo porque ele não foi o autor dela.

Destinado a crianças, perfil de Tiradentes publicado na Folhinha Biográfica em 1862, no Império, ressalta o seu desejo de independência e ignora suas pretensões republicanas (imagem: Biblioteca Nacional Digital)

A estratégia política adotada pelo Estado em 1889 acabou sendo tão eficaz que, mesmo depois de a República ter se consolidado, Tiradentes jamais deixou de ser encarado como mito.

Ele se tornou patrono das polícias em 1946, patrono cívico da nação brasileira em 1965 e herói da pátria em 1989.

Em 1946, depois de os pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (FEB) retornarem da Segunda Guerra Mundial vitoriosos, o deputado constituinte José Claudino da Silva (PCB-RJ) os comparou aos heróis do passado pré-Independência:

— Os expedicionários cumpriram sua grande missão, correspondendo aos anseios do povo brasileiro. Em nada ficaram a dever aos vultos do passado que o nosso povo ama e cultua. Herdeiros e continuadores de nossas tradições históricas de glória, enfileiram-se ao lado de Zumbi, Tiradentes, Frei Caneca e tantos outros. O seu esforço é digno do reconhecimento de todos os sinceros antifascistas e democratas.

Em 1948, o senador João Villas Boas (UDN-MT) exigiu que o repórter português que havia publicado no jornal Brasil-Portugal um artigo com críticas a Tiradentes fosse punido exemplarmente:

— Na galeria dos heróis da pátria, ocupa o primeiro lugar a figura do tenente Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. A injúria assacada pelo jornalista estrangeiro que se acoita em nossa terra e vive à custa da generosidade do Brasil até hoje não recebeu a merecida punição. Venho a esta tribuna para interpelar o senhor ministro da Justiça sobre se, obedecendo ao seu escrupuloso devotamento à Lei de Segurança e Defesa Nacional, já determinou a apreensão do aludido jornal e iniciou o processo de expulsão daquele ousado português.

Revista Tico-Tico publica foto de crianças de São Paulo em festa para Tiradentes em 1919 (imagem: Biblioteca Nacional Digital)

Em 1964, uma semana depois do golpe que implantou a ditadura militar, os deputados Ítalo Fittipaldi (PSP-SP) e João Herculino (PTB-MG) subiram à tribuna da Câmara queixando-se de que a imagem de Tiradentes havia sido mais uma vez enxovalhada.

— Há poucos dias, em São Paulo, contristado, manuseei um compêndio de história do Brasil editado pelo Ministério da Educação e Cultura. Versão marxista, apontava à nação brasileira Tiradentes como reles lacaio dos ingleses — contou Fittipaldi, indignado.

— Devo fazer uma ratificação ao deputado, pois aquele livro não teria sido editado pelo MEC. De qualquer maneira, esse mau brasileiro [o autor do livro] deve ser banido do território nacional. Contra ele temos que descarregar tudo aquilo que o Código Penal possa conter porque isso é absurdo. É mais do que subversão, é mais do que comunismo: é imoralidade. Esse livro deveria ser apreendido em todas as livrarias, em todas as casas e queimado em praça pública — reforçou Herculino.

Ainda na década de 1960, grupos armados de esquerda também se apropriaram da figura do inconfidente, como o Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT) e o Movimento 21 de Abril (MR-21).

Até mesmo a data do enforcamento, por não ter perdido o peso cívico, voltaria em diversas ocasiões a ser instrumentalizada. Em 1960, o presidente Juscelino Kubitschek escolheu o feriado de Tiradentes para inaugurar Brasília. Em 1972, o general Emílio Médici abriu as comemorações dos 150 anos da Independência em 21 de abril, quando recebeu de Portugal os restos mortais de D. Pedro I.

Em 1985, um dos médicos que participaram da cirurgia de Tancredo Neves disse que o presidente eleito na verdade morrera em 20 de abril, mas a data no atestado de óbito fora alterada para o dia seguinte com o intuito de ligar a figura do político à do inconfidente — ambos, aliás, nascidos na região de São João del-Rei (MG).

Cópia da pintura Tiradentes ante o Carrasco, de Rafael Falco, enfeita uma das comissões de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados; quadro original, de 1951, está protegido em arquivo climatizado da Casa (foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)

Não apenas os heróis são mobilizados como forma de unir uma população em torno de algum fim político. Isso já foi conseguido por meio da vassourinha contra a corrupção, da criação de um inimigo da pátria (real ou imaginário), da vitória numa Copa do Mundo e do uso intensivo do hino e da bandeira nacional.

O historiador José Murilo de Carvalho afirma que não é sempre que a população se deixa levar pelos símbolos. Ele exemplifica:

— Logo depois da derrubada da Monarquia, alguns republicanos copiaram o esforço francês [iniciado na Revolução Francesa] de vender o novo regime usando a imagem feminina como alegoria cívica, mas isso redundou num estrondoso fracasso. O lema da bandeira nacional, Ordem e Progresso, imposto por militares positivistas, foi rejeitado por muito tempo pelos brasileiros.

A seção Arquivo S, resultado de uma parceria entre a Agência Senado e o Arquivo do Senado, é publicada na primeira sexta-feira do mês no Portal Senado Notícias. 


Reportagem: Ricardo Westin Edição: Tatiana Beltrão Pesquisa histórica: Arquivo do Senado Edição de fotografia: Pillar Pedreira Foto de capa: Estátua de Tiradentes na cidade de Ouro Preto (Foto: Getty Images/iStockphoto)

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

Bicampeãs olímpicas são superadas por dupla holandesa

Publicado em 09/04/2022

Martine Grael e Kahena Kunze garantiram neste sábado o segundo lugar da classe 49erFX do Troféu Princesa Sofia, em Palma de Mallorca (Espanha), a primeira etapa da Copa do Mundo de vela.

As bicampeãs olímpicas ficaram atrás apenas das holandesas Odille Van Aanholt e Annette Duetz, que terminaram a disputa com uma vantagem de 10 pontos.

Atuais detentoras do ouro olímpico na classe 49erFX (medalha que também garantiram nos Jogos de 2016), Martine Grael e Kahena Kunze são uma grande esperança de conquista nos Jogos de 2024 (Paris).

Por Agência Brasil – Rio de Janeiro

Contrato prevê a produção de 36 aeronaves

Publicado em 09/04/2022

Caça Gripen E

O espaço aéreo brasileiro já tem, entre as aeronaves que o frequentam, os tão aguardados caças F-39 Gripen, adquiridos pela Força Aérea Brasileira (FAB) para serem o “vetor responsável pela soberania e proteção” do país, conforme descrito pela própria FAB em seu site. Contrato prevê a produção de 36 aeronaves, além de suporte logístico, armamentos, simuladores, equipamentos e treinamento.

Os dois aviões “multimissão de produção em série” chegaram ao Brasil no início deste mês por via marítima, vindos de Norrköping, Suécia. O desembarque foi no Porto de Navegantes, em Santa Catarina; e o primeiro voo, com duração de cerca de 50 minutos, foi feito no último dia 6, quando decolou do Aeroporto de Navegantes em direção ao Centro de Ensaios em Voo do Gripen (GFTC, sigla em inglês), localizado na planta da Embraer, em Gavião Peixoto (SP).

Coube a dois pilotos do Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV) a responsabilidade de conduzir as aeronaves nesta histórica missão: o tenente-coronel aviador Cristiano de Oliveira Peres; e o major aviador Abdon de Rezende Vasconcelos. Os treinamentos que os colocaram aptos para o feito tiveram início em 2020 na Suécia – país-sede da Saab, empresa sueca de Defesa e Segurança, responsável pelo projeto.

De acordo com a Saab, os novos caças permanecerão no GFTC até que obtenham o Certificado de Tipo Militar. “Depois disso, as aeronaves serão transferidas para Anápolis para as etapas finais da fase de entrega”, informou a empresa.

O Brasil participa ativamente do desenvolvimento, da campanha de ensaios em voo, e da produção dos caças, conforme previsto no contrato que incluiu, no pacote, a transferência de tecnologia para a indústria de defesa brasileira. “A chegada das duas aeronaves de produção em série é resultado dessa grande colaboração”, explica o vice-presidente sênior e head da unidade de negócios Aeronautics da Saab, Jonas Hjelm.

Eficiência e baixo custo de operação

Segundo a FAB, o Gripen é conhecido pela sua eficiência, baixo custo de operação, elevada disponibilidade e capacidade tecnológica avançada. “Em várias forças aéreas no mundo é o vetor responsável pela soberania e proteção dessas nações, nas 24 horas do dia, assim como faz missões de policiamento aéreo em algumas regiões críticas”, justifica a Força Aérea Brasileira.

“A sua entrada em serviço trará um importante salto qualitativo e tecnológico, com alguns dos recursos embarcados até então inéditos para a FAB, sendo esta pioneira na operação da versão de dois assentos”, complementou,  a empresa por meio de nota.

De acordo com o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior, “a chegada das aeronaves é resultado de um projeto que, desde o início, buscou o incremento de nossas capacidades dissuasórias, bem como tinha o objetivo de ser um estímulo à pesquisa e ao desenvolvimento industrial do Brasil”.

Histórico

A Saab foi selecionada para o programa F-X2, que resultou na aquisição dos caças e das tecnologias correlatas, em dezembro de 2013. Em outubro de 2014, Saab e governo federal assinaram o contrato para o desenvolvimento e produção de 36 aeronaves Gripen E/F, incluindo suporte logístico, armamentos, simuladores, equipamentos e treinamento.

“Em 2015, a Saab deu início ao programa de transferência de tecnologia do Gripen, um dos maiores já realizados para a Aeronáutica e o maior já feito pela Saab. O programa visa proporcionar o conhecimento prático necessário para a execução de diversas atividades de desenvolvimento, produção e manutenção dos caças no Brasil. Até 2025, mais de 350 engenheiros e técnicos brasileiros de empresas parceiras participarão de treinamentos teóricos e práticos na Saab, em Linköping, na Suécia”, informou a Saab.

A empresa acrescenta que, até o momento, cerca de 300 profissionais brasileiros de empresas parceiras da Saab já foram treinados. A maioria deles já trabalham no GDDN e na fábricada Saab localizada em São Bernardo do Campo (SP), local destinado para a montagem de aeroestruturas do Gripen, bem como para a manutenção dos radares e sistemas de guerra eletrônica do caça, entre outros serviços.

A Saab esclarece que o primeiro Gripen chegou ao Brasil em setembro de 2020, mas apenas visando a realização de uma campanha de ensaios em voo, atividade que está integrada ao programa de testes iniciado em 2017 na cidade sueca de Linköping.

No Brasil, as atividades a serem desenvolvidas incluem testes nos sistemas de controle de voo e de climatização, assim como testes na aeronave em condições climáticas tropicais.

Por Agência Brasil – Brasília

Aeronave perdeu contato com radares quando sobrevoava país vizinho

Publicado em 09/04/2022

Operações aéreas, terrestres e marítimas seguem sendo empreendidas para tentar localizar um avião de matrícula brasileira que desapareceu na Argentina, na última quarta-feira (6).

A aeronave realizava um trajeto do aeroporto de El Calafate, extremo sul da Argentina, para Trelew, na Patagônia, quando perdeu contato com os radares. Segundo a Empresa Argentina de Navegação Aérea (Eana), organismo federal que controla o tráfego aéreo no país, o último contato do avião, registrado como PP-ZRT, foi feito com o Centro de Controle da Área Comodoro Rivadavia, que ativou o protocolo de busca e salvamento.

Os esforços estão sendo feitos por aeronaves do Exército, Força Aérea, bem como embarcações da Marinha e da Prefeitura Naval do país vizinho, além da Defesa Civil. Apesar das condições meteorológicas favoráveis nos últimos dias, nenhuma pista do avião desaparecido foi encontrada até o momento. Este sábado (9) é o quarto dia de buscas.

A reportagem consultou o número da matrícula da aeronave na plataforma da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). O avião é o modelo RV-10, um aparelho monomotor com capacidade para quatro passageiros, fabricado em 2016. Está registrado em nome do empresário Antônio Carlos de Castro Ramos, de Florianópolis. Ele é dono da ACCR Construções. Atualmente, o status da operação da aeronave veda atividade de táxi aéreo.

Ainda não há confirmação oficial sobre os ocupantes do avião desaparecido, mas informações preliminares dão conta de que o empresário e ao menos dois amigos estariam no voo.

Por Agência Brasil – Brasília

Queda no preço foi de R$ 0,25 por quilo

Publicado em 08/04/2022

A Petrobras anunciou, nesta sexta-feira (8), uma redução no preço do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), que é usado com gás de cozinha. A diminuição no valor foi de R$ 0,25 por quilo. Segundo a companhia, isso foi possível graças à taxa de câmbio, que tem refletido uma valorização do real frente ao dólar.

“Acompanhando a evolução dos preços internacionais e da taxa de câmbio, que se estabilizaram em patamar inferior para o GLP, e coerente com a sua política de preços, a Petrobras reduzirá seus preços de venda às distribuidoras. A partir de 9/4, o preço médio de venda de GLP da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 4,48 para R$ 4,23 por kg, equivalente a R$ 54,94 por 13kg, refletindo redução média de R$ 3,27 por 13 kg”, informou a estatal.

Na mesma nota, a Petrobras reiterou seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato para os preços internos, das volatilidades externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais.

Por Agência Brasil – Rio de Janeiro

Dados avaliam a qualidade da areia em praias de Niterói

Publicado em 08/04/2022

A pesquisa Orla limpa, orla viva – região costeira de Niterói: problemas e soluções, realizada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), comprovou, após um ano de estudos, a existência de superbactérias nas praias de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. O objetivo da pesquisa é avaliar a qualidade da areia das praias de Icaraí, Itaipu, Piratininga e São Francisco, a partir da investigação da relação entre a ocorrência do poluente microplástico e de superbactérias, que possuem resistência para diferentes antibióticos e que podem causar infecções difíceis de tratamento.

O projeto foi iniciado em março de 2021, em parceria com a Prefeitura de Niterói e a Fundação Euclides da Cunha (FEC) por meio do Programa de Desenvolvimento de Projetos Aplicados (PDPA).  O coordenador da pesquisa, professor Abílio Soares, do Departamento de Biologia Marinha da UFF, explicou hoje (8) à Agência Brasil que a questão das superbactérias já vem se mostrando um problema crescente no mundo. “Porque a gente começa a ter a falta de antibióticos para tratar certas patologias, exatamente porque essas superbactérias são resistentes ao tratamento com antibióticos. Esse é um problema global”.

O professor Soares disse que não é possível dizer, entretanto, que a presença das superbactérias na areia é um problema em si mesmo. Em outros tipos de matrizes, como a água do mar e em outros lugares poluídos, há a presença de bactérias patogênicas. “Mas, potencialmente, a praia é um lugar em que as pessoas estão muito em contato com esses microrganismos, porque sentam na areia, as crianças brincam na areia”, salientou. “Mas ela tem potencial tremendo de vir a ser um problema de saúde pública”.

A pesquisa observou que os organismos patogênicos que já são encontrados há muito tempo nas praias são um problema, como os encontrados na água do mar que as pessoas podem engolir e podem causar disenterias, entre outras doenças. As bactérias patogênicas das areias também. “O problema das superbactérias é algo que vem a se somar aos problemas que nós temos nas praias”.

A Praia de Icaraí, em Niterói, teve sua areia analisada em projeto que investiga a relação entre a ocorrência do poluente microplástico e de superbactérias
A Praia de Icaraí, em Niterói, teve sua areia analisada em projeto que investiga a relação entre a ocorrência do poluente microplástico e de superbactérias – Tomaz Silva/Agência Brasil

Microplástico

As análises mostraram que o microplástico é vetor de uma variedade de bactérias com genes de alta resistência a antibióticos, que constituem um risco à saúde dos banhistas. Os microplásticos são partículas com até cinco milímetros de diâmetro, oriundas da degradação de objetos maiores e, uma vez nos oceanos, podem permanecer na água ou ser transportados para a costa, onde irão se concentrar nas areias.

 “Em tudo que é ambiente, o microplástico está presente”, diz Soares. De acordo com o professor da UFF, o microplástico já foi detectado na corrente sanguínea do homem, em placenta e no pulmão de pacientes internados. “O microplástico tem sido visto como um dos grandes vilões ambientais, até mesmo porque a sociedade atual ficou escravizada pelo plástico, que vai se degradando depois que é descartado no ambiente e vai soltando microplástico”.

Cerca de 750 mil pessoas no mundo morrem por ano de infecções causadas por esses microrganismos. “Estima-se que esse número poderá chegar a 10 milhões até 2050. Caso isso se confirme, o cenário está aberto para o surgimento de uma nova pandemia. Para evitar esse quadro, são necessárias ações para diminuir o surgimento de novas superbactérias como, por exemplo, um controle mais rigoroso no uso de antibióticos”, manifestou Henrique Fragoso, vice-coordenador da pesquisa e também professor do Departamento de Biologia Marinha da UFF.

Soares esclareceu que há uma diferenciação nas bactérias que ocorrem na areia e nos microplásticos. “O microplástico que ocorre na areia serve de substrato para a colonização por bactérias. Esse microplástico abriga, por vezes, bactérias que não são encontradas no grão de areia”.

Infecções

De acordo com o estudo, foi encontrada grande quantidade de genes de resistência a antibióticos da classe Vancomicina nos microplásticos retirados das areias das praias. “Esse é um medicamento de uso apenas hospitalar que trata infecções causadas por quase todos os Staphylococcus e muitas cepas de Enterococcus”. As Vancomicinas são utilizadas para tratar infecções graves, como pneumonia e endocardite, apontou o professor Henrique Fragoso.

Outro gene identificado em abundância na areia das praias é o de resistência à classe da Azitromicina. Esse antibiótico foi utilizado durante a pandemia de covid-19. A utilização deste medicamento pode ter favorecido a seleção de bactérias resistentes não somente nas praias de Niterói, mas em outros diversos ambientes e regiões, alertou Fragoso.

Políticas públicas 

O estudo objetiva ajudar na formulação de políticas de saúde pública. Uma das primeiras ações que podem ser feitas é melhorar a eficiência da limpeza das praias. Quase todas as praias que ocorrem em centros urbanos têm algum tipo de limpeza que nem sempre é eficiente, tanto para macrodetritos, ou macroplásticos, como para microplásticos, que são uma coisa mais difícil de retirar do meio ambiente. “Mas se a gente elimina o macroplástico, a gente deixa de produzir muito do micro. Essa é uma coisa que se pode já aprontar”.

O estudo da UFF deve ser publicado em revistas científicas especializadas e poderá ser adotado em praias do mundo todo. A pesquisa terá continuidade, visando validar os resultados por estudos realizados também em outros lugares. Ele apresenta potencial de monitoramento da qualidade das praias e, por isso, pode ser adotado por qualquer lugar do mundo.

Para assegurar a saúde do espaço natural e dos visitantes, os professores indicam que é necessário manter o cuidado com a preservação das praias. Para isso, a atenção com a poluição dos mares, oceanos e praias passa a ser fundamental, de acordo com a pesquisa da UFF.

A Praia de Icaraí, em Niterói, teve sua areia analisada em projeto que investiga a relação entre a ocorrência do poluente microplástico e de superbactérias
A Praia de Icaraí, em Niterói, teve sua areia analisada em projeto que investiga a relação entre a ocorrência do poluente microplástico e de superbactérias – Tomaz Silva/Agência Brasil

Por Agência Brasil – Rio de Janeiro

Negócios envolvem as empresas Âmbar, Renova, Eren Mundo Novo, Sowitec, EDFR, PEC, AES e Evolution Power Partner

Publicado em 08/04/2022

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A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (SG/Cade) assinou, nesta quinta-feira (07/04), despachos aprovando, sem restrições, quatro operações no segmento de geração, transmissão e comercialização de energia. As decisões que autorizam os negócios estão disponíveis na edição de hoje do Diário Oficial da União (DOU).

O primeiro ato de concentração diz respeito à aquisição, pela Eren Mundo Novo, do Parque Eólico Ventos de Tacaratu, em Pernambuco.

A Eren Mundo Novo é uma subsidiária integral da Total Eren, que no Brasil atua em geração de energia elétrica por meio de projetos eólicos e fotovoltaicos. O Parque Eólico Ventos de Tacaratu, por sua vez, opera na geração de energia elétrica no Brasil e é detida pela Sowitec, subsidiária integral da Sowitec Group GmbH, empresa estabelecida na Alemanha com atuação no desenvolvimento de projetos para geração e comercialização de energia elétrica no Brasil.

Após analisar o caso, a SG/Cade concluiu que a operação não levanta preocupações em termos concorrenciais, uma vez que as participações nos mercados de geração e comercialização de energia elétrica detidas pelas empresas são baixas.

EDFR e PEC Energia

O Cade também deu aval, sem restrições, para a compra, pela EDFR, de direitos e ativos referentes a um projeto, ainda em desenvolvimento, que compreenderá no Complexo Eólico Serra das Almas, nos municípios de Urandi e Licínio de Almeida, na Bahia.

A EDFR é uma empresa com atividades no setor de geração de energia elétrica, com atuação no Brasil há quase duas décadas. Suas atividades englobam, essencialmente, a geração e o fornecimento de energia elétrica no atacado, incluindo comercialização, e o fornecimento de energia elétrica no varejo. Já a PEC é uma empresa com atuação no setor de energia elétrica, com atuação no mercado brasileiro há 45 anos nas áreas de engenharia, imobiliário e energia.

A operação foi autorizada porque as empresas têm baixas participações no mercado e o negócio não apresenta riscos à concorrência.

Âmbar e EPP

Outro negócio aprovado pelo Cade compreende a aquisição, pela Âmbar, das ações detidas pela Evolution Power Partner (EPP) em duas sociedades de propósito específico (SPE): EPP II Centrais Elétricas e EPP 2 Itaguai Energia.

A Âmbar é uma empresa de energia com foco no desenvolvimento, implantação e exploração de projetos de geração de energia elétrica térmica e transmissão. Já a EPP tem atuação no desenvolvimento de projetos de geração de energia elétrica, e, atualmente, detém 100% do capital social total dos dois empreendimentos.

Do mesmo modo, a SG/Cade entendeu que a operação não gera problemas concorrenciais porque as empresas têm baixas participações no mercado.

AES e Renova Energia

A aquisição do capital social de uma SPE pela AES GF1 Holdings, que terá capacidade de desenvolvimento eólico de 305MW nos projetos Facheiro II, III e Labocó, localizados no Rio Grande do Norte, também teve autorização do Cade. Atualmente, a sociedade é detida pela Bahia Holding, representada pela Renova Energia.

A AES é uma holding não financeira subsidiária integral da AES Brasil Energia, que atua há 20 anos no mercado de energia elétrica em diversas localidades do Brasil, por meio da geração, distribuição, comercialização e prestação de serviços de energia gerada por usinas hidrelétricas, eólicas e solares, bem como por meio do desenvolvimento de soluções de energia renováveis para clientes de pequeno e grande portes. Já a Bahia Holding é uma holding não-operacional com participação social em diversas centrais eólicas da Renova que, por sua vez, é uma companhia brasileira pertencente ao Grupo Renova, atuante nas matrizes eólica, solar e hidrelétrica.

Em seu parecer, a Superintendência entendeu que há uma participação muito baixa no mercado das empresas, o que não acarreta preocupações nem prejuízos ao ambiente concorrencial.

Se o Tribunal do Cade não avocar os atos de concentração para análise ou não houver interposição de recurso de terceiros interessados, no prazo de 15 dias, as decisões da Superintendência-Geral terão caráter terminativo e as operações estarão aprovadas em definitivo pelo órgão antitruste.

Acesse o ato de concentração nº 08700.001783/2022-87.
Acesse o ato de concentração nº 08700.001952/2022-89.
Acesse o ato de concentração nº 08700.001953/2022-23.
Acesse o ato de concentração nº 08700.001938/2022-85.

Fonte: CADE

8 de abril de 2022

Em votação unânime, a 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou decisão de primeiro grau que incluiu como devedores solidários os sócios de um grupo empresarial em recuperação judicial.

A decisão se deu após um banco credor ter levantado a suspeita de esvaziamento patrimonial das empresas em recuperação. O pedido de recuperação foi apresentado em abril de 2015 e, originalmente, incluía sete empresas de um mesmo grupo econômico.

Diante disso, segundo o relator, desembargador Ricardo Negrão, havia a necessidade de apurar uma eventual responsabilização pessoal de determinadas pessoas físicas e jurídicas para mitigar os prejuízos aos credores em razão do esvaziamento patrimonial das recuperandas originalmente integrantes do polo ativo do pedido de recuperação.

Com base em documentos anexados aos autos, além de um parecer do administrador judicial, Negrão apontou indícios de que houve, de fato, fraude na recuperação judicial. Assim, ele concluiu pela necessidade de se alterar o polo passivo da recuperação, incluindo os sócios que teriam se beneficiado da alegada fraude processual.

“Em reforço a conclusão de endividamento e esvaziamento patrimonial das sete sociedades inicialmente postulantes à benesse legal, mediante o enriquecimento ilícito das demais pessoas envolvidas, exige-se solução que preserve o interesse coletivo e se consagre a finalidade de preservação da atividade econômica de maneira organizada, finalidade que somente será atingida com a necessária integração das demais integrantes do grupo”, disse.

Além disso, conforme o magistrado, embora se esteja diante de sociedades solventes, estas tiveram parte de seu patrimônio constituído mediante “operações fraudulentas, pormenorizadas em relação a cada pessoa natural e jurídica abrangida pela r. decisão de desconsideração”.


2253364-34.2021.8.26.0000

Fonte: TJSP

8 de abril de 2022

O simples ato de protocolar petições em um processo não impede a prescrição de ação fiscal. Com esse entendimento, a 1ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) aplicou o princípio da prescrição intercorrente e extinguiu a pretensão do município de Joinville de cobrar dívida tributária de uma empresa de prestação de serviços sediada na cidade.

De acordo com o relator, o município
de Joinville (SC) agiu com ‘incúria’
Divulgação/TJ-SC

O caso teve início em novembro de 1997, quando o município ajuizou execução fiscal contra a Employer Organização de Recursos Humanos a fim de cobrar créditos tributários referentes ao não recolhimento do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) no valor de R$ 26.386,09, à época.

A citação da empresa, contudo, só aconteceu em novembro de 1999. Em seguida, a firma fez a apresentação de bens à penhora, mas eles foram recusados pelo município em setembro de 2000, em razão de sua difícil comercialização.

A partir daí, a execução passou a tramitar com longos intervalos entre uma petição e outra — o município chegou a pedir a suspensão temporária do processo em 2014, mas o pedido foi negado. Depois disso, já em maio de 2019, a comuna pediu o bloqueio eletrônico dos valores devidos — o que foi efetivado no mês seguinte, quase 20 anos após a convocação.

Relator da apelação em que a empresa requereu, entre outras coisas, a prescrição do caso, o desembargador Luiz Fernando Boller levou em consideração a paralisação do feito por praticamente duas décadas para identificar a “manifesta incúria” do ente público ao não promover no período a localização de bens penhoráveis.

Sobre os longos intervalos transcorridos entre uma manifestação e outra, o magistrado afirmou que providências requeridas ao longo do trâmite — que, aliás, se mostraram infrutíferas — não possuem o condão de interromper prazos para a prescrição da ação.

“A execução não pode perdurar indefinidamente, sob o risco de malferir os princípios da segurança e estabilidade das relações jurídicas”, disse Boller, ao decidir pela aplicação do princípio da prescrição intercorrente, prevista no artigo 40 da Lei de Execuções Fiscais. A decisão de extinguir a execução foi unânime. 

Apelação nº 0315696-79.2019.8.24.0038

Com informações da assessoria do TJ-SC.