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Apesar da retirada do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) que incidia sobre o mercado futuro de dólar (derivativos cambiais), anunciada na noite de ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, a moeda americana abriu na quinta-feira (13) praticamente estável.

Às 10h (horário de Brasília), o dólar à vista –referência para as negociações no mercado financeiro– registrava leve desvalorização de 0,11%, cotado em R$ 2,147 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial –utilizado no comércio exterior– tinha queda de 0,41%, para R$ 2,145.
Com a medida, o governo pretende atrair mais investidores para o mercado futuro de dólar, aumentando a oferta da moeda americana no país e forçando a queda de sua cotação.

Na segunda-feira, Mantega havia dito à Folha que a mudança não iria ocorrer, mas, questionado sobre o motivo de ter mudado de opinião de um dia para o outro, disse: “Eu não posso antecipar uma medida que mexe com o mercado, que faz gente ganhar dinheiro. Não posso antecipar, preciso esperar fechar o mercado.”

“A decisão do governo brasileiro evidencia o comprometimento do governo em controlar o câmbio. Esperamos que a política cambial brasileira dê mais suporte à estabilidade do real em relação aos seus pares no curto prazo”, avaliam Clyde Wardle e Marjorie Hernandez, economistas do HSBC, em relatório.

ALTA DEVE CONTINUAR

Rodolfo Amstalden, sócio da Empiricus Research, diz que a decisão era esperada, principalmente depois que o governo zerou o IOF sobre a renda fixa.
“Foi uma medida bastante coerente em relação à primeira, mas foi tomada em um contexto como se (o governo) estivesse pedindo desculpas por um pecado que ele mesmo criou”, avalia o analista, fazendo referência à postura intervencionista do governo ao tentar domar a valorização do real. Na época, a decisão de adotar o IOF causou desconforto com investidores estrangeiros e no Brasil.

Apesar da retirada do imposto, Amstalden não vê um movimento forte de desvalorização do dólar nos próximos dias.

“Deve ter alguma repercussão ao longo do dia, em que o real mostra sua força, mas não vai ser algo determinante no sentido de romper a desvalorização do real em relação ao dólar”, afirma.

Segundo ele, outras forças têm mais poder para abalar a força da moeda americana, como as dúvidas sobre a permanência das medidas de estímulo econômico nos EUA e elementos internos ao Brasil, como o PIB (Produto Interno Bruto) fraco. “Há mais espaço para valorização do dólar. Está difícil saber até onde [a valorização] vai.”

Fonte: Folha de São Paulo